quinta-feira, 25 de setembro de 2014
Estranhamento sobre Cultura Gaúcha
Estranhamento”* sobre Cultura Gaúcha
Mary Balbina Abreu Ribeiro
Acadêmica de Pós Graduação em Sociologia - UFRGS
Passeando pelo sul do Brasil, de repente me deparo com um grande espaço, onde se encontrava um imenso número de pessoas. Fui entrando pelo grande portão e comecei minhas observações:
Em um grande cercado vi muitas pessoas assistindo uma espécie de doma, onde cavaleiros montados perseguiam um bezerro, até laçá-lo e derrubá-lo, amarrando suas patas. Fiquei certo tempo ali, encantada com essa atividade, que depois soube, chamavam de Rodeio.
Segui minha expedição pelo estranho lugar e vi, sobre um palco, pessoas que se apresentavam recitando poesias com trejeitos e gestos significativos. Os homens vestiam camisas abotoadas, levavam uma espécie de lenço colorido amarrado ao pescoço, suas calças eram largas e enfiadas por dentro de botas de cano alto.
As moças usavam vistosos vestidos rodados, com enfeites nos cabelos, circulavam pelo espaço, desfilando orgulhosas, a estranha moda.
Logo adiante, seguindo um som de músicas, percebi que havia outro grupo reunido em torno de um espaço onde dois homens faziam um tipo de desafio musical, acompanhados de um outro, tocando uma espécie de sanfona, que soube, por ali chamavam de gaita. O desafio era conhecido pelos frequentadores do lugar como trova.
Segui encantada minha exploração e então encontrei um grande palco central, onde aconteciam apresentações de danças, com grupos de diferentes lugares, mostrando danças variadas onde os pares se trocavam e cirandeavam pelo palco, realizando um tipo de dança, que percebi se tratar do folclore local.
Em todos os espaços, podia-se observar que haviam pequenas fogueiras, onde se distribuíam pedaços de carne em varas de madeira, até que ficassem assadas, então todos se reuniam para comer aquela carne. Ao mesmo tempo em que acompanhavam as conversas com uma bebida quente, servida em uma espécie de cumbuca, onde sorviam através de um canudo de metal. Me aproximei curiosa e me ofereceram para provar e constatei ser muito saborosa. Perguntei do que se tratava e me falaram que era o churrasco, a comida típica do local.
Questionei com um nativo sobre do que se tratava aquele evento e ele me respondeu que aquele lugar era a sede de um CTG, uma espécie de clube ou associação que tem como objetivo cultivar as tradições e costumes do lugar. O evento chamava-se Rodeio Crioulo e haviam competições de doma, trova, danças, etc...
Saí do local realizada por ter visto tantas coisas diferentes e por ter aprendido um pouco mais sobre uma cultura até então estranha para mim. Foi assim que conheci o Rodeio Gaúcho, as danças, o churrasco e a bebida quente chamada chimarrão (ou mate).
*Estranhar situações conhecidas, inclusive aquelas que fazem parte da experiência de vida do observador, é uma condição necessária às Ciências Sociais para ultrapassar – ir além- interpretações marcadas pelo senso comum, e cumprir os objetivos de análise sistemática da realidade.
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